• EDUCAÇÃO INCLUSIVA – DA PRÁTICA, À TEORIA, À PRÁTICA. OUTRAS FORMAS DE ENSINO QUE CAMINHAM NA FRONTEIRA DO FORMAL E INFORMAL.

    02/03/2016 | Por: In Totum

    Um convite para falar de outras formas de aprender no CIES – Comparative and International Education Society 2016 . Uma parceria com a Burda Brasil e In Totum onde falamos deEducação Inclusiva – da prática, à teoria, à prática e outras formas de ensino.

     

    Na próxima semana, estaremos no Canadá apresentando um pôster sobre o Projeto Social que escrevemos para a Burda Brasil apoiado em sua metodologia de moldes, corte e costura e que está sendo aplicado Obra Social Dom Bosco – Itaquera – SP.

    Abaixo um pouco do que estamos falando :)

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    ABSTRACT

    A proposta do projeto de educação inclusiva “aprender fazendo” é desenvolver um conjunto de técnicas e práticas educativas na área da costura para a inclusão social, a melhoria da autoestima e geração de renda das mulheres que encontram-se em vulnerabilidade social.

     

    Segundo a UNESCO (2015), “As desigualdades sociais no Brasil afetam diretamente as diversas condições de acesso à educação no país”. Essas desigualdades são percebidas tanto no acesso quanto nos resultados educacionais das crianças, dos jovens e dos adultos brasileiros, penalizando alguns grupos etnorraciais, a população mais pobre e do campo, bem como os jovens e adultos que não concluíram a educação compulsória na idade adequada. De acordo com IBGE (PNAD, IBGE 2014), 8,3% da população brasileira são analfabetos, aproximadamente 13 milhões de pessoas.

     

    No Brasil, 35% dos municípios encontram-se em vulnerabilidade social na faixa de “alta a muito alta” (IPEA, 2015), com indivíduos ou grupos inteiros para as quais os recursos materiais ou simbólicos ainda encontram-se indisponíveis, sejam eles o acesso à estrutura de oportunidades sociais, econômicas ou culturais que provêm do Estado, do mercado e da sociedade. Esse resultado se traduz em debilidades ou desvantagens para o desempenho e mobilidade social desses atores (ABRAMOVAY, 2004).

     

    Apresentar um projeto de ensino com base no “aprender fazendo” e voltado para adultos, jovens e, em especial, para mulheres que encontram-se em condições sociais de risco e com baixo nível de escolaridade, pode contribuir para promover a entrada dessas pessoas no mercado de trabalho, possibilitando sua inclusão social por meio de uma capacitação que propicie a geração de renda.

     

    EFA Global Monitoring Report, UNESCO 2015, apresenta como seu objetivo 3: “Garantir acesso igualitário de jovens e adultos à aprendizagem e a habilidades para a vida”. O Projeto atua de acordo com objetivos educacionais da UNESCO, que são promover habilidades para jovens e adultos como uma ferramenta educacional para melhoria do indivíduo.

     

    Ensinar, aprender e pesquisar lidam com esses dois momentos do ciclo gnosiológico: o em que se ensina e se aprende o conhecimento já existente e o em que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente. (FREIRE, 1996).

     

    A ideia de estruturar o ensino pelo fazer voltado para esses grupos/comunidades decorre da limitação em estabelecer o entendimento apenas pela escrita/leitura, pois se trata de espaços sociais e modos culturais cujas dificuldades imanentes exigem novas maneiras de compreensão e ação.

     

    A transmissão de conhecimento se dá pela prática e a vivência é o fator principal para que se consolide o aprendizado, tornando mais imediata a assimilação, ao se vivenciar, na experimentação, o caminho de construção do conhecimento.

     

    A busca da unidade, em que teoria e prática são componentes indissolúveis da práxis, autônomas, mas complementares, é a constituição de um todo único numa relação de interdependência e reciprocidade. A teoria não mais rege a prática e a prática não significa mais a pura aplicação da teoria (CANDAU e LELIS, 2008; VÁZQUEZ, 2007).

     

    O projeto de ensino “aprender fazendo” está orientado para a capacitação em confecção de moda, baseada em uma metodologia de práticas do fazer orientadas por professores, apoiados na metodologia Burda para confecção do vestuário. A BurdaStyle é uma publicação mundial de moldes de costura. Criada em 1950, na Alemanha, e publicada em 90 países e em 28 línguas diferentes (DEUTSCHE WELLE, 2009), tem nos moldes e nas informações gráficas o documento visual para estabelecer as práticas do fazer, além de publicar informações atuais de moda e promovendo, pela leitura e visualização das imagens, as informações para a construção de vestuário.

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    O projeto divide-se em disciplinas teóricas e práticas, que enfatizam os estudos e os primeiros passos para a inserção do indivíduo no universo da moda através do conhecimento, da criatividade e do “saber-fazer”. Aulas práticas e presenciais com o foco em produto de vestuário, apoiadas na metodologia Burda e pela facilidade de compreensão gráfica que os moldes da revista Burda oferecem (ver/ler os croquis, riscar, cortar e costurar), permitem que o aluno desenvolva cada etapa da confecção sem dispersão de conhecimento, objetivando o desenvolvimento de habilidades e apreensão do conhecimento, além de acesso à cultura de moda pela leitura em grupo, tecnologia têxtil, criatividade, sustentabilidade, customização e noções básicas para gerenciar e empreender um negócio de costura.

     

    Buscar a valorização do ser humano e a inserção social, autoestima pessoal, valorização do grupo, apreensão do conhecimento através da práxis é um caminho vigoroso para a autonomia do fazer: criar, desenvolver, produzir e reproduzir para  inovar.

     

    “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. (FREIRE, 2013)

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