Laboratório Cores da Floresta :: Amazônia

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Uma vivência com corantes naturais e tingimentos junto com os moradores da comunidade ribeira do Rio Negro – Amazonas.
Uma inspiração para renovar o olhar sobre o nosso próprio fazer.

 

14 a 20 de Janeiro  |  Comunidade Santa Helena do Inglês – AMAZONAS

 

Com o intuito de juntar e trocar conhecimentos o Laboratório de Cores irá mesclar saberes locais, do povo da floresta, com conhecimentos vindos de outros lugares. O convite está em viver por uma semana em uma comunidade ribeira do Rio do Negro-AM, pesquisando e experienciando, junto com os moradores do local, os corantes naturais e seus possíveis tingimentos.

 

Trocar saberes e fazeres em conexão com aprendizados simples, naturais, ancestrais. Fazer junto, aprender junto, em um espírito coletivo e de comunidade. Dividir com as pessoas o que sabemos e aprender com cada uma, o que sabem. Construir juntos o conhecimento que se dá naquele momento.

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Fazer, criar, desenvolver novas formas e desenhos para colorir e tingir os tecidos: dobras, amarrações, costuras, shibori, tie dye,
batik, carimbos, impressão botânica, e o que mais a nossa criatividade permitir.

 

Em termos práticos, vamos viver por uma semana em uma comunidade ribeira do Rio Negro, conversar com os moradores locais, caminhar por trilhas na floresta, colher plantas, fazer testes,  saborear a culinária local, tomar banho de rio, experimentar e descobrir possibilidades de corantes para tingimentos, pinturas e também conversar muito sobre o que sabemos, aprendemos e ensinamos com as histórias de vida das pessoas.

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COMO SERÃO OS DIAS POR LÁ

 

.: Chegaremos na Comunidade para o almoço.

À tarde, em uma roda de conversa, vamos nos conhecer, onde estamos, as pessoas e suas histórias, o que sabemos sobre corantes naturais, tingimentos e fibras e nos organizarmos para os dias seguintes…

 

.: Dia a dia
Os dias se darão com conversas,  pesquisas, colheita de materiais, preparo das matérias-primas para os tingimentos, espaços de criatividade..

Vamos percorrer trilhas, igarapés e trabalhar nas amarrações e caldeirões no preparo das tinturas e tingir.

 

.: Criação de projeto autoral.
Um espaço para pensar e criar um projeto com o seu fazer. Um passeio de barco nos levará rio acima para inspirar a criação e execução das peças autorais. Exposição e celebração do processo.

 

.: Dia de Voltar
Após café da manhã retorno para Manaus. Horário previsto de chegada 12h30.

Vivência na Amazônia

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PRÓXIMA EDIÇÃO 

 

Data: 14 a 20 de janeiro.
7 dias, 6 noites na Comunidade Santa Helena do Inglês.
A lancha sairá de Manaus dia 14/1, às 9h e iremos fechar as atividades no sábado, dia 20/janeiro, retornando para Manaus após o café da manhã (saída prevista para 9h).

 

Local: Comunidade Santa Helena do Inglês, RDS Rio Negro-AM

 

Incluso  estadia e alimentação na comunidade + deslocamento com lancha fretada Manaus-Tumbira-Manaus, passeios e atividades na comunidade (não está incluso o deslocamento até Manaus).

Para saber mais informações e valor, escreva para intotum@intotum.com.br ou entre em contato com Ciça (11) 999738603, Marco (11) 982762839.

 

Grupo: mínimo de 4 e máximo de 12 pessoas.

 

Inscrições Aqui >>>

Um Festival para fazer e ser

Tudo pronto! Espaços organizados, comidinhas selecionadas, materiais disponíveis… sonhos a caminho da realização.

 

Após meses de preparo, o dia 25 de outubro chegou e assim abrimos a segunda edição do Festival do Fazer com muita alegria. Uma iniciativa simples, poderosa, cheia de sentido e significados.

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O manifesto da Revolução Artesanal, diz da busca de nossa capacidade humana de transformar e dar forma a partir do envolvimento e relacionamento com a matéria e no processo para que isso aconteça. Diz de incentivar a capacidade do fazer manual e artesanal, em pequena escala, local, com cuidado e autoria.

 

O Festival do Fazer é o momento de nos aproximarmos de gente que faz em um processo coletivo e ao mesmo tempo único para cada um. Um encontro de pessoas que vão se conhecendo, que vão imprimindo a sua marca, o seu jeito de ser no mundo, traduzindo o seu processo de formação em formas lúdicas e únicas.

Únicas foram as oficinas e as pessoas que por lá passaram. Únicos foram os desenho sobre a água e os papeis marmorizados, as tábuas escavadas e impressas pela xilogravadas, os tecidos que imprimiram a natureza e os alinhavados do shibori tingidos com o azul do índigo vegetal. Foram únicos os colares produzidos na feltragem, a partir da pura lã de carneiro cheia de cores. Dos barbantes, os nós se fizeram e painéis a dois tons surgiram no macramê. Dentro dos potes de vidro, as suculentas cheias de água se transformaram em mini jardins, assim os terrários nasceram das mãos cuidadosas daquelas mulheres.

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Para cuidar de nossas casas, a faxina ecológica nos ensinou a fazer produtos de limpeza de base natural com receitas simples e leves para o meio ambiente. Manteigas, ceras, óleos vegetais e essenciais – matérias-primas naturais e veganas – foi dai que saíram os produtos de cosmética para cuidar de nossa beleza corporal.

 

Carimbos de borracha, máscaras do estêncil, deixaram impressas marcas do nosso eu em papeis e em tecidos. Na marcenaria, construímos caixas e casas para os passarinhos habitarem. Do croché pequenos amigurumis nasceram, Dos teares, mini tapeçarias se tramaram. Dos cadernos à escrita afetiva criamos um caminho para nossos registros. Fechamos o festival ao som de Aurora que ilumina a luz da manhã e nos iluminado para outros dias que virão.

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Foram únicos os olhos, as mãos, as pessoas. Foram únicas as trocas e as possibilidades, os brilhos e as realizações. A sensação de fazer algo com as mãos, de se colocar no mundo, de ser autor de seu próprio processo de conhecer a matéria, o caminhar, e a si mesmo. No que saiu como resultado de cada oficina, vimos não só um produto, mas um ser humano cheio de si, acreditando na sua capacidade de criar e fazer.

 

Oficinas de pura alquimia entre Oficineiros, Participantes e os Espaços em que fomos acolhidos. Agradecemos cada um por este encontro e a todos que nos apoiaram. Foram únicos os quatro dias que passamos dando vida ao fazer manual em uma Revolução Artesanal. Muito nos orgulha ver este movimento no mundo, deixando o convite para que cada um se conheça pelo processo do fazer manual.

Saímos deste festival nos conhecendo um pouco mais, fazendo parte deste movimento que deseja fazer deste mundo, um mundo bom para todos. Ficamos com a lembrança do brilho nos olhos e o maravilhamento que muitos mostraram ao sair das oficinas. Seguimos felizes e revolucionando o que há de mais sagrado, nós mesmos. Seguimos acreditando neste mundo feito à mão, na essência do “ser” humano.

 

Estamos por aqui para fazer, conversar, trocar e juntos celebrarmos a vida. Logo traremos notícias do que está por vir.

Vivamos um MUNDO FEITO À MÃO por todos nós.

 

Texto e curadoria de imagens por Ciça Costa, com Bruno e Janaína na organização do todo.

O Feito à Mão como caminho de desenvolvimento e ser humano

O ano de 2017 começou e com ele a Revolução Artesanal foi chegando ao mundo. Ao lado de Bruno, Samuel e Janaína a iniciativa começou a tomar corpo até que no mês de fevereiro entrou no ar, oficialmente.

 

O desejo de colocar este projeto no mundo diz de incentivar e valorizar a capacidade do fazer artesanal, um movimento que estimule o feito a mão, não somente pelo lado do fazer e ter um produto, mas também explorar a relação do ser que se forma ao realizar algo com as próprias mãos e imprimir assim a sua autoria, tudo isso com um olhar cuidadoso sobre o processo.

 

O artesanal nos permite fazer pequenas coisas, nos dando o sentido de realização e de pertencimento. Dançando entre o perfeito e o imperfeito, o objeto final passa a fazer parte de nossa história, com um significado único e especial. É o feito a mão como caminho de desenvolvimento e “ser” humano.

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Nas semanas seguintes seguimos planejando o que seria o Festival do Fazer, literalmente, um convite para colocar a mão na massa, em oficinas de diferentes práticas artesanais. Convidamos artistas, artesãos e fazedores que amam o feito à mão e que buscam no seu fazer o seu viver e que preparam incríveis oficinas, um convite real à experimentação, a criatividade e a descoberta em seus fazeres artesanais.

 

A cada conversa inspiradora e a cada convite aceito, nos enchíamos de coragem e animação para seguirmos com a nossa Revolução Artesanal e acreditando neste mundo que construímos com as nossas mãos e o nosso fazer.

 

Neste percurso se juntaram a nos a Noetá e a Fazenda Serrinha nos apoiando e disponibilizando seus espaços para receber oficinas e a imersão.

 

Preparamos o site, facebook e instagram e lançamos a agenda oficial do evento. Hora de divulgar e preparar o estúdio In Totum para receber o Festival.

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Abril chegou e com ele o início do Festival. Durante 7 dias, os participantes navegaram por várias oficinas, onde tiveram a oportunidade de experimentar o universo do feito à mão com diversos materiais e ferramentas se descobrindo fazedores de suas peças, um momento de se perceber e de dar forma à um objeto conforme a proposta de cada oficina.

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Na marcenaria, das madeiras de um palete construímos um banco. De um bloco de argila um pote se fez. Dos cadernos inspirados por uma palavra nasceu o seu caderno de vida. Na xilogravura escavamos a luz para imprimir no papel a imagem que nos diz deste brilho. Ao fazer a feltragem olhamos para os seres encantados que habitam dentro de nós e nos teares, tecemos fios e conversas coloridas com os pontos que aprendemos.

 

Descobrimos quanto saudável é criar e produzir nossas granolas assim como preparar um jantar vivo feito com o calor de nossas mãos que nos mostrou o quanto é gostoso fazer com as pessoas e de saboreá-lo em uma grande mesa, na companhia de boas conversas.

Ao lado da natureza, mesmo que em pequenos espaços, mexemos com a terra e de uma caixa de madeira fizemos uma pequena horta. Cuidando de nossa pele, misturamos, milimetricamente, manteiga de murumuru com óleo vegetal e essências e criamos nossos cosméticos naturais e ainda de uma peça de roupa que não usávamos mais, criamos uma nova vestimenta para desfilar na vida. Momentos simplesmente lindos de serem vividos.

 

A cada oficina o Estúdio se transformava em um novo espaço para receber o que dali surgisse, o que dali as pessoas o fizessem ser. Um pequeno espaço para cada um ser. “Um espaço de dar forma à forma, de criar, de se permitir e se deixar formar a partir do que  se acredita e o que se quer colocar no mundo.”

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… e assim dizemos sobre o que a In Totum é no mundo: um espaço que estimula e provoca a consciência sobre si; sobre o todo; sobre o todo que todos veem; sobre as relações; sobre o sentido de mundo. Para que cada um seja autor junto com todos os autores.

 

Saímos com a pergunta “o que o fazer significa no mundo de hoje?”. O fazer que nos revela e nos ajuda a perceber e a construir nós mesmos, que nos organiza e nos reconecta de forma orgânica com a vida. Um lugar onde parece que algo desliga e nos liga em outro. Não estamos procurando a resposta, desejamos sim construir pontes, criar espaços, para o fluir do eu, de você, de nós, fazendo juntos a mágica do que acontecer naquele lugar.

#PorUmMundoFeitoAMão, um mundo feito por você!

 

Obrigada Daniela Cerdan, Priscilla Quedas, Marcela Zingerevitz, Marcia Rezende, Ana Cris, Paola Marinoni, Julia Melo, Rodrigo Gutierres, Luciana Galdi, Fabi Toyama, Juliana Cortez, Cuca Luccas, Lika Kotzent, Nilzeth Gusmão, João Castro, Sebastien Engelmann, Anna Candelária, Bruna Castro, Bruno Helvécio, Fernando Tocha, Flavio Capi, Helena Gomes, Itamar Pereira, Kazuyo Yamada, Luiza Morandin, Marco Andreoni, Nádia Rezende, Nayara Coutinho, Olga Colen, Paula Colen, Paula Dib, Rita Taraborelli, Tiago Liu, Yara Lazar, Michelle Prazeres, Marcelo Delduque, Ana Biglione, Carla Cabrera, Tuca Porto, à equipe incubadora desta ideia Bruno Andreoni, Samuel Protetti, Janaina Carvalho e aos pequenos Gael, Maya e Marina. Juntos fizemos esta Revolução Artesanal acontecer.

 

Texto e Curadoria de Imagens: Ciça Costa

Histórias de vida na roda de bordados

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– Ciça, este ano não vai ter nenhuma roda do fazer no Estúdio?

 

Esta foi a pergunta depois da oficina de retecido na Semana do Fazer da In Totum.

 

– Bem, podemos pensar, vou adorar. O que vocês gostariam de fazer?

 

E assim escolhemos bordar. Pronto, uma chamou a outra, a outra chamou a outra e assim 6 mulheres começaram a Roda de Bordados, Lúcia, Luiza, Mari, Lila, Titi e Ciça… mais tarde chega a Nayara.

Durante o segundo semestre de 2016, às segundas-feiras, nos encontrávamos no final da tarde, a cada 15 dias.

 

Começamos a bordar aleatoriamente alguns pontos. Quem sabe ensina, quem não sabe aprende, que sabe muito aprende um pouco mais. O ponto precioso era o encontro, a conversa, o olho no olho, o chazinho compartilhado, as histórias contadas, o estar junto… fazendo.

 

Em um destes encontros nos perguntamos o que poderíamos fazer juntas, em coletivo, uma vez que também entendíamos que éramos um grupo. Durante os encontros, muitas histórias eram contadas com isso ficou fácil… vamos contar histórias em nossos pedaços de pano.

 

E então, ok… como vamos fazer isso de maneira que seja uma história de todas? Em um grande tecido? Em pequenos retalhos e depois formamos uma colcha? Vamos pensar em um tema?

 

E assim, depois de mais alguns pontos veio a ideia final… Cada uma, em seu pedaço de pano, iniciaria uma história. No encontro seguinte este pano mudaria de mãos, aquela que recebe o tecido, e sobre aquele cenário, pensaria em uma história para contar que lhe fizesse sentido e assim daria sequência àquele cenário proposto. Combinamos que uma não contaria a história para a outra, somente ao final do bordado, estas histórias seriam reveladas e com certeza uma nova história surgiria… uma história contada a várias mãos.

 

No dia do Bazar e Festa de Final de ano da In Totum seria o grande dia de expor os bordados e histórias. Algumas trouxeram suas histórias em textos outras estão contadas apenas no bordado.

 

E assim ficaram nossos bordados realizados em encontros belíssimos. Com muita alegria contamos nossas histórias, falamos da vida, cuidamos do que nos é precioso e caro, trouxemos um pouco de nós para o mundo que vivemos e que nos faz sentido.

 

Esperamos que divirtam-se um pouco com a gente!

roda de bordados

UM PAPO SÉRIO |  Ciça

Em algum momento eu tinha este grande sonho… o de fazer um mochilão pelo Brasil. E assim em janeiro de 82, ao conhecer o Marco, ele se realizou. Saimos de São Paulo com destino a Belém, passando por Brasília… três dias de viagem de ônibus até lá. De Belém fomos para Fortaleza, e depois, Recife, Salvador e voltamos para Sampa. A cada cidade que parávamos íamos conhecendo o que mais tinha por ali e saíamos desbravando mundos.

 

No Ceará, fomos conhecer a tão famosa Praia de Canoa Quebrada. Quatro horas de ônibus até Aracati e de lá uma caminhonete nos levava na caçamba até a praia. Incrivelmente linda!! Chegando lá, olho para aquele cenário simples, grandioso e belo…  dunas, mar, céu azul, vento e nada mais naquela imensidão… uauuuuuhh!

 

Com este lindo cenário, sentados uma pequena choupana de palha, foi a primeira vez que desejamos e olhamos um nos olhos do outro e falamos… “vamos ter um filho juntos!” e assim depois de 1 ano, nosso primeiro menino chegou.  Aquilo tudo era tão verdadeiro, tão bonito assim como é até hoje, depois de 34 anos…  e juntos.

 

O MAIÔ AZUL | Lúcia

Quando eu tinha uns 13 ou 14 anos ganhei um maiô novo. Sim, um maiô porque, naquela época, nenhuma menina de família quase boa ousava usar biquíni.

 

Ele era azul marinho e tinha na borda do decote uma aplicação de folhas brancas. Eu o achava o maiô mais lindo do mundo e, principalmente, muito original: de fato, nenhuma outra menina apareceu na praia com um maiô igual.

 

Eu desfilava radiante naquele maiô (quase) exclusivo e nem ligava para o menino que encompridava os olhos para mim, mencionando-me como “a menina com maiô de gola branca”.

 

e ainda… Lila completa o cenário com o casarão e Luiza com as pedras e a árvore

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CORRE COTIA | Mari

“Corre Cotia na casa da tia, corre cipó na casa da avó. Lencinho na mão, caiu no chão, moça bonita do meu coração. Pode jogar, pode!”

Iniciando uma roda do jardim de infância, a brincadeira salta minha memória. Doce memória de tantas rodas, rodopios e giros com músicas, cantoria, palmas, jogos de corpo, olhos risonhos trazidos de volta nessa enlaço dos fios e seus pontos com mulheres tão especiais.

 

BRINCADEIRAS DE CRIANÇA | Lúcia

Somos seis irmãos em escadinha – na sequência, um mais velho que o outro entre um ano e três meses e não mais que dois anos-; e, quando éramos pequenos, formávamos um bom time pra qualquer brincadeira.

 

Eu, particularmente, gostava de esconde-esconde, pois era uma brincadeira menos estouvada que tantas outras, e porque rapidamente eu desvendava as estratégias usadas por meus irmãos, e descobria os esconderijos preferidos por eles.

 

Um dos meus irmãos, por exemplo, tinha forte atração pelas moitas; e não foi uma ou duas vezes que ele saiu de lá todo arranhado ou picado.

 

BRINCADEIRAS DE CRIANÇAS… E DE ADULTOS TAMBÉM | Ciça

Quando crianças brincávamos muito… com os irmãos, amigos da escola, amigos da rua. Minha casa ficava em uma rua que era de terra e com isso, assim que terminávamos a lição de casa, nos encontrávamos na rua para brincar… andar de bicicleta, jogar bolinha de gude, amarelinha, esconde-esconde, roda, pular corda era uma farra. Nas férias, todos os anos, íamos para Ubatuba e chegando lá encontrávamos nossa turma da praia.

 

Passávamos todo o verão juntos e como não tinha lição por lá, era brincadeira o dia todo. Um belo dia alguém levou o jogo de taco e ensinou para todo mundo, divertidíssimo!! Pronto… encontro marcado, todo final de tarde rolava uma partida de taco e é claro um delicioso mergulho no mar para fechar o dia. Como é gostoso brincar, não é mesmo!!

 

e ainda… Luiza conta sobre a amarelinha e pular corda, Lila sobre o cachorrinho.

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Luiza começa o bordado com uma porteira, uma plantação e o tronco de uma árvore. Mari completa a copa com flores e folhas.

 

A COBRA | Lúcia

Quando estávamos no sítio da minha avó paterna, tínhamos o hábito de ir visitar nossa bisa, cortando caminho por uma trilha bem rústica, com muito cascalho e matinhos. Adorávamos este trajeto, as novidades que minha avó ia mostrando no caminho – um ninho de passarinhos, uma flor ou fruto silvestre… -, as histórias que ela ia contando e, principalmente, a expectativa do almoço e da merenda da tarde (uma verdadeira abundância de quitutes deliciosos).

 

Numa dessas vezes, eu estava usando um chinelo de dedo. De repente, dei uma topada numa pedra, e o chinelo saiu do meu pé. Quando apoiei o pé no chão, senti algo mole e frio por debaixo. E quase morri de susto quando vi uma cobra coral fugindo em direção ao mato na beirada trilha.

 

Devia ser uma falsa-coral, pois, segundo os entendidos, este é o comportamento típico dessas cobras. Também podia ser uma cobra-filhotinha, pois era pequena e, talvez, nem soubesse ainda morder. (Minha avó saberia dizer que tão perigosa era aquela cobra, se tivesse tido tempo de vê-la). Mas, na hora, não deu pra pensar em nada. Aterrorizada, a única coisa que me passava pela cabeça era não colocar os pés no chão. Não conseguia mais andar: ia aos pulos, desajeitada, morta de medo.

 

Durante meses fiquei com a sensação tátil da cobra… E acordava suando frio, com os sonhos apavorantes que vinham perturbar o meu sono de menina.

 

O RETORNO PARA CASA… | Ciça

Um dia a Nona foi à fazenda vizinha ao seu sítio comprar galinhas e ovos para seu galinheiro. No meio do pacote veio junto um pato com penas pretas.

 

No final da tarde, após o jantar, Nono e o Sr Giacomo gostavam de sentar na varanda da casa que dava para um lindo vale onde a visão ia longe, longe e lá papeavam por horas.

 

Em uma bela noite de luar o Nono percebe que o pato levanta voo e dá um pequeno giro pelo vale. Ele era grande e forte e suas penas pretas brilhavam com o brilho do luar. Depois de sua voltinha, ele voltava e se acomoda com seus companheiros no galinheiro.

 

Na próxima lua cheia, lá vai o pato. E assim a cada noite ilumina pela lua o pato fazia seu voo pelo vale. O Nono e o Sr. Giacomo começaram a observá-lo e perceberam que cada vez ele ia mais longe. Até que um belo dia, o Nono ficou esperando ele voltar e o pato não retornou.

 

Chegou o dia da Nona ir à Fazenda do Sr. Silvestrinni e ao chegar lá, ela encontra o pato, feliz da vida naquele lugar que era só seu.
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Uma história que a Lúcia nos conta com muito carinho. Pura beleza!

 

O MELHOR RÉVEILLON DA MINHA VIDA

O ano era 1962 ou 63, já não me lembro com exatidão. Minha mãe, eu e meus cinco irmãos passávamos as férias em Cabo Frio, como sempre fazíamos. Meu pai voltara a Belo Horizonte, pois o final de ano era sempre época de muito trabalho, e ficara de regressar para o réveillon.

 

Aqueles eram anos de poucas comodidades: os celulares ainda eram ficção científica e até ligação para linhas fixas precisava ser agendada na agência telefônica local; e, ainda assim, a chamada levava uma eternidade para ser completada. Também não existiam os cartões de crédito; e os cheques só eram usados em grandes operações comerciais.

 

Aquele final de ano foi especialmente chuvoso. A BR-040, que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro sofreu muito com os temporais: próximo a Juiz de Fora, a estrada tinha vários alagamentos provocados pelo transbordamento do Rio Paraibuna; alguns trechos ficaram interrompidos por causa de quedas de pontes e deslizamento de barreiras. Enfim, a estrada ficou intransitável e vários desvios precários tiveram que ser abertos para permitir o trânsito de veículos.

 

Meu pai foi um dos viajantes que ficaram retidos por um ou dois dias naquela estrada. Nós sabíamos que ele havia saído de BH, mas não tínhamos notícias de onde ele se encontrava. Minha mãe tratava de não manifestar sua apreensão, mas a tensão estava no ar: a falta de notícias, o dinheiro se acabando, os mantimentos da temporada chegando ao fim…

 

Acho que aquele réveillon caiu num domingo, porque, de manhã, fui à missa com minha mãe, que deu esmola e, na saída, comprou um jornal. Ficamos bravos com ela: como era possível fazer esses gastos, se o dinheiro estava acabando? Ainda na saída, passamos no mercado de peixes e compramos um bonito Dourado para a noite. (Minha mãe preparava um Dourado assado e recheado com farofa que ficou inesquecível).

 

Eram umas dez e meia, onze da noite quando meu pai finalmente chegou ao apartamento. Ele estava sujo de lama dos pés à cabeça, a barba crescida, olheiras profundas e muito cansado. Já de banho tomado, começou a narrar as peripécias da viagem, o sufoco de ficar sem água e comida, de ter que parar inúmeras vezes para desatolar a Rural Willys e ajudar outros viajantes.

 

Nisso, alguém na cidade começou a soltar fogos de artifício. Saímos todos para a rua e, assim que os sinos da igreja anunciaram a meia noite, voltamos a nos sentar em torno da mesa e ceamos o peixe, com pão e vinho. Nada mais cristão e saboroso.

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… o ano que vem tem mais :)

PARA CELEBRAR 2016!

Assim caminhamos em 2016 e agora paramos para celebrar.

Dizem por ai que este ano foi um ano difícil. Não sei exatamente se foi difícil mas acho que foi diferente e sim, queremos celebrá-lo!

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Começamos o ano com um Encontro Aberto de Estamparia, convidamos Sergio Gregorio para falar sobre o processo criativo de fazer estampas e ele nos encantou com seu trabalho deixando muita inspiração seguir criando…

 

No mês seguinte foi a vez de fazer uma Vivência em Aquarela – do manual ao digital. Em parceria, Sergio e Marco mostraram como de uma aquarela fazemos estampas corridas no processo digital.

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A Burda Brasil nos convida para participar do CIES – Comparative International Education Society, um Congresso Internacional de Educação no Canadá. Preparamos um artigo para apresentar e falar sobre o processo de “aprender fazendo”  baseado em seu Projeto Social que escrevemos em 2015. Hora de colocar em prática o que estava no papel, em fevereiro começa o Curso Piloto de Capacitação Burda na Fundação Dom Bosco – Itaquera. Lá 20 mulheres  receberam formação em costura permitindo sua integração no mercado de trabalho, para de alguma forma garantir seu sustento e com isso elevar sua autoestima. Um jeito de aprender fazendo apoiado pela tecnologia/metodologia Burda.

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E falando em congresso, foi uma honra participar do Fashion Colloquia e contar mais uma vez sobre o que foi o Alinhavando o Futuro, o projeto que realizamos com as mulheres da RDS – Rio Negro, na Comunidade do Tumbira – AM. Adoramos falar sobre o Alinhavando, com ele aprendemos muito e cada vez que falamos destas mulheres elas nos mostram o cuidado que temos que ter na relação com as pessoas, sua origem, sua histórias, o que faz sentido para nós, para elas e para o mundo.

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Nos cursos de estamparia, nos orgulhamos das pessoas que aqui passaram. 6ª edição do curso de estamparia digital avançado e mais 2 edições do Processo Criativo – do Manual ao Digital. 12 meninas que nos inspiram a seguir compartilhando conhecimento e que nos faz aprender muito com o que o mundo tem a nos ensinar.

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No meio do ano, participamos da Virada Educação, um convite para atribuir sentido para a nossa cidade, trilhando a região da Praça Roosevelt e coletando materiais, sensações, percepções sobre o que vejo e como me relaciona na cidade em que vivo e convivo. Na roda de conversa sobre educadores livres compartilhamos experiências e olhares sobre a educação viva e ativa o que nos levou para, no final do ano, participar da Roda de Diálogos junto com a CO•MO•VER e com certeza este papo não termina por aqui, em 2017 tem mais.

 

No II Estúdio Aberto | Semana do Fazer paramos para estudar novos processos do fazer e descobrir novas habilidades e para quem quisesse estudar com a gente, mais uma vez, as portas estavam abertas. Fomos à rua para pesquisar o que existe para além de nossas paredes. Pesquisamos sobre os FabLabs e também no atelier do Instituto ACAIA realizamos processos novos de estamparia e impressão.

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Na Comunicação com Consciência, processos lindos se fecharam com a Noetá e Pratricia Busatto, em breve os sites estarão no ar com o que elas têm de mais genuíno para oferecer ao mundo. Dois novos processos aconteceram, com a Anthera Brasil que está lançando sua marca de moda praia e fitness e com a Fabi Pereira que vem trilhado seu caminho de mãos dadas com a natureza e que no novo ano também irá contar isso para o mundo. Nos sentimos muito honrados de acompanhar estes processos lindos e de fazer parte deste jeito verdadeiro de comunicar o que fazem com toda sua essência.

 

Tati Antunes nos trouxe o mundo das cores com seu workshop Fenômeno das Cores. Observar luz e sombra nos levou para um lugar de reflexão que só quem esteve aqui poderá contar. Obrigada Tati, foi lindo demais!!!

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Este ano, a roda do fazer foi uma Roda de Bordados, 6 pessoas se encontraram para contar suas histórias em pequenos pedaços de pano. Histórias que dizem da vida, cuidamos do que nos é precioso e caro, trouxemos um pouco de nós para o mundo que vivemos e que nos faz sentido.

 

Algumas iniciativas não conseguimos realizar, talvez pelo ano “diferente” que foi. Oficina de Mães e Filhos, Estamparia com Especialistas, Oficina de bonecas com a Dolls Imaginarium e Poesia Ilustrada com a Toka Studio, não deu… o convite continua em pé e queremos muito fazer juntos.

 

Não poderia deixar de contar da Veio de Lá, iniciativa que habita neste espaço In Totum de ser. Nos bazares da Praça, Mercado Madalenas, Jardim Secreto, Bazar Romeu continuou inspirando e muito com seus cadernos feito à mão. Nas feiras SUB e Miolos se mostrou com tudo que pode fazer para além dos cadernos inspirados e realizou também muito projetos especiais para instituições e organizações.

 

Aahhhhh e as mulheres e comunidades… processos lindos desenvolvidos com o Instituto Ipê e para fechar o ano, em parceria com a Noetá um encontro com mulheres das comunidades de vários lugares do Brasil para olhar o que foi viver o prêmio recebido do Movimento Natura.

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Fechamos o ano com o nosso Bazar e “Festa da Firma”, um encontro delícia entre pessoas queridas. Uma festa para contar com pequenos produtos o que fazemos e nossas histórias e também para o que está por vir para o novo ano.

 

Sim… o que está por vir?! …uma Revolução que o feito a mão está nos levando e de um encontro com Samuel e Janaína. Logo, logo contamos mais :)

 

Então, um ano diferente, confuso em alguns momentos, estranho em outros e com encontros e momentos simplesmente lindos de serem vividos. Encontros verdadeiros, genuínos que nos mostram a essência de viver e que nos faz caminhar inspirados para seguir com este jeito In Totum de fazer. Valeu 2016, aprendemos muito em seus dias! Que venha 2017…

Bob Weeler… um jeito in Totum de dar vida à criatura.

“É a relação que a aprendizagem traz o que dá amplitude ao organismo e ao mundo; o processo de aprendizagem em si é o caminho do vir a ser.”
Allan Kaplan em o Artistas do Invisível

 

Aqui no Estúdio, neste espaço In Totum de ser, somos três pessoas que adoramos criar,

 

Entre vários de seus fazeres, Marco tem ilustrações belíssimas que vem do fundo do coração, de um lugar que acessamos no sutil quando admiramos suas obras. Eu, inspirada em suas criações e por meio do fazer vou imaginando e dando forma. Bruno, com sua alma iluminada, nos traz a jovialidade e mundo de possibilidades que existe hoje lá fora. E é assim que conto a história de Bob Weeler.

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De um ponto em uma folha branca de papel e muita criatividade, Marco desenhou Bob e inspirados em sua criação, vamos dando vida àquele personagem. Por meio do fazer, em processo de aprendizagem constante, com o olhar atento para o que existe além e de maneira fluida a criatura ganha sentido e então a forma se estabelece. As ideias se concretizam por meio da tecnologia digital que nos é ferramenta preciosa de trabalho para dar forma final em imagem.

 

Assim Bob Weeler e sua turma chegam ao mundo, cheios de atitude. Bob, Vik, Black Bob e MarCão gostam muito da vida ao ar livre. Se divertem fazendo esportes radicais, skate, surf, bungee jump… sempre respeitando a vida e cuidando do planeta.

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Bob é o mais aventureiro deles. Acredita na vida, no ser humano, nos quatro elementos da terra. Tem personalidade, é autêntico… ele é Ele. Curte sua família. Fala pouco… o olhar diz tudo. Presta atenção em tudo que acontece, está sempre antenado. Tem seu próprio jeito de ser, suas atitudes são o jeito de conversar com o mundo. Acredita sempre que é possível e que está na vida para ser feliz. Como principais valores, o respeito à vida e a amizade estão acima de tudo.

 

Vik é a irmã mais nova de Bob. Tem seu irmão como ídolo… quer ser igual a ele quando crescer. Gosta de esportes radicais e também tem seu jeito próprio de ser no mundo. Sempre que pode está junto com a turma.

 

Black Bob é o maior amigo de Bob, irmão de coração. Se entendem muito bem, pertencem à mesma tribo, falam a mesma língua. São amigos verdadeiros, lealdade acima de tudo.

 

MarCão é o companheiro inseparável de todos.

 

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O MANIFESTO

O entorno urbano no qual vivemos, a quantidade de informações e de materiais, o consumismo e o desperdício nos fazem pensar e refletir sobre a importância que damos aos objetos e a relação com o meio.

Acreditar na mudança de comportamento e assumir que podemos viver bem, com menos e em sintonia com a natureza, nos leva a buscar a essência de comer, vestir, usar, ser, estar… amar. 

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Com eles aprendemos e olhamos para a vida com um jeito verdadeiro de ser, com a possibilidade de criar vida, sentido e experimentar a relação com o que nos é dado, com o que conhecemos… com a nossa história. Vemos as ideias se manifestarem, damos forma a conceitos, somos autores e responsáveis. Permitimos que a vida continue, evolua, se expresse, onde o sentido e novos significados surgem, a sabedoria se constrói e maior o mundo se torna.

 

“Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.”

Carta da Terra

Texto e curadoria de imagem : Ciça Costa

Ilustração: Marco Antonio Andreoni


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