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12/09/2016 | Por: In Totum
“Vivemos tempos difíceis, mas tenho esperança”, desabafa Ray Monteiro, enquanto se acomoda em um banco de cimento do pátio da Escola Estadual Caetano de Campos, na Praça Roosevelt, em São Paulo. A educadora participou da terceira edição da Virada Educação, que aconteceu entre os dias 17 e 20 de agosto, na região central da cidade.
O evento é um projeto que tem o objetivo de provocar novas apropriações do espaço urbano em direção à construção coletiva de ambientes educadores e de forma bem lúdica. A primeira edição aconteceu em 2014, também na capital paulista. A programação conta com atividades organizadas em quatro categorias: diálogos, exibições, intervenções, trilhas e oficinas.
A Virada Educação é uma realização do Movimento Entusiasmo, um coletivo que nasceu, segundo consta no site do evento, para “provocar mudanças profundas no aprendizado das pessoas a partir da potencialização de conexões no território local”. Aficionados em provocar uma nova relação das pessoas com a educação, no livreto “Movimento Entusiasmo em Virada Educação”, os organizadores contam as histórias que os inspiraram para a realização do evento.
Dando sentido e significado para os nossos passos pelas ruas de SP
Como me sinto quando estou convivendo com a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo? Quais são os sentimentos que brotam em nosso corpo quando caminhamos por São Paulo? Qual é o significado que damos para essa relação?
Essas outras questões foram o gatilho impulsionado pelo educador Bruno Andreoni, em atividade realizada em parceria In Totum e Veio de Lá, durante a Virada Educação. A partir de uma caminhada guiada pelo quarteirão que liga as ruas Augusta e Consolação na altura do Parque Augusta, o grupo de participantes foi convidado a observar e desenvolver os sentidos, habilidades e sensações capazes de aguçar percepções, olhares e entendimentos sobre o lugar onde vivemos e nos relacionamos.
A atividade começou com uma apresentação dos participantes seguida de orientação para a trilha. Ao longo de todo percurso, Bruno instigou o grupo com perguntas provocadoras e algumas atividades de observação territorial, estes, por sua vez, registraram tudo em folhas de papel cuidadosamente recortadas e preparadas para a atividade. De diferentes formas – escrita, desenho, auto-relevo – cada um foi preenchendo os espaços em branco daquilo se, depois, se transformaria em um pequeno caderno.
No final da caminhada, mais um presente, o grupo aprendeu a confeccionar seu próprio caderno simplesmente juntando as folhas, uma capa mais dura e um pedaço de barbante.
Para Simone Paes, que trabalhou por muitos anos no mercado corporativo e hoje encontra-se em uma fase de transição de carreira e, como ela mesma disse, de ‘desconstrução’, a experiência foi muito significativa. “Prestar atenção naquilo que parece comum é algo muito forte. Observei um cadeado e, durante o percurso, fui percebendo que eu queria sair dessa prisão”, disse. Já, para a jornalista Erica Teruel, de 28 anos, a relação da cidade com a natureza foi o que marcou sua experiência: “as pessoas não se preocupam em preservar o que temos no dia-a-dia, mas reclamam quando veem algo errado”.